Aquelas noites em que me deitava apenas para te ouvir conversar. Contavas-me os teus dias, em Berlim, tão diferentes dos meus. Dizias-me que não percebias nada mas que já tinhas arranjado amigos muito próprios de ti. Eu falava-te do meu dia, contando-te todos os pormenores e ouvindo-te rir. Podíamos tentar prever o que iria acontecer, falavamos sobre os meus medos e os teus receios (porque tu não tens medo de nada). Brincavas comigo por ter cedido ao Ice Tea (bebida que antes não conseguia beber), rias por gostarmos de rebuçados ácidos, por sermos tão iguais nesse ponto. Ouvias os meus pensamentos mais sombrios e os mais felizes. Sorrias. E eu acabava por adormecer embalada pelas tuas palavras. Tu que estavas tão longe, no outro lado do Mundo. Eu que estava tão longe. Nós que estavamos tão longe, mas ainda assim perto, muito perto. Porque eu e tu somos assim. Nunca importou a distância, sempre tivemos uma ligação maior que isso. Aquelas noites, aqueles dias provaram isso. E como eu gostava daquelas horas, onde desejava não adormecer e onde tu sempre sabias que eu iria acabar por cair no sono. Eu adormecia e tu ficavas a pensar no que te tinha dito.
Memórias nossas, memórias minhas.
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