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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sonho de menina

Quando era criança havia uma coisa que eu desejava ardentemente. Queria ser como as minhas colegas, ter um cabelo que desse para usar solto. Queria tanto. Claro que podia usar o meu solto, mas, vamos lá esclarecer: o meu cabelo era do piorio, volumoso, meio ondulado, apanhava vento parecia um ninho de ratos, apanhava chuva parecia uma juba de leão. Creio que se a minha mãe tivesse o cabelo como o meu saberia o quão difícil era para uma criança andar com ele solto e que o cabelo precisava de um penteado que o favorecesse. Mas a minha mãe tem o cabelo liso, aquilo vem um vendaval e ele mantém-se liso e penteado, por isso não, ela não sabia o que fazer com o meu cabelo.
Lembro-me de certa vez, ainda na primária, lhe ter pedido para me comprar ganchos para o cabelo, para apanhar a franja (coisa horrível que eu tinha) e conseguir andar com o cabelo solto como o das outras meninas. Nunca mais o fiz. O cabelo ficou horrível e todos gozaram comigo durante o dia.
Uma outra vez quis seguir a moda do cabelo ondulado devido a tranças fininhas. A minha mãe passou horas a fazer-me tranças, para no dia seguinte o meu cabelo parecer um espanador e eu ter de o lavar para voltar a ficar aceitável.
Quando andava algures no começo/meio da adolescência, pensei que já que não conseguia ter o cabelo liso então ao menos encaracolava de vez. Tentei enchê-lo de caracóis com um secador que fazia caracóis de trazer por casa. Foi uma manhã horrível. Estava sozinha em casa, li o livro de instruções e lá comecei com aquilo. Minutos depois tinha o secador preso no cabelo, o cabelo estava tão enrolado que não conseguia desenrolar. Fartei-me de chorar, a imaginar que tinha de ir até ao cabeleireiro, com o secador na mão e todos iam ver. Pior! Ela ia ter de cortar o cabelo, o que significava que iria ficar com o cabelo à rapaz. Liguei para a minha mãe em pânico, a chorar imenso e ela saiu do trabalho para vir salvar o meu cabelo antes que pegasse fogo ou algo do género.
Desisti de ter um cabelo normal que pudesse andar solto sem ferir os olhos das outras pessoas com tamanha monstruosidade. Passei anos e anos com o cabelo apanhado.
Já mais crescida comecei a usar, de vez em quando, espuma para o cabelo. Mas ela estragava-me o cabelo e deixava-mo pesado. Eu detestava a sensação, o que fazia com que o cabelo andasse solto umas 3 vezes ao ano, no máximo.
Hoje dei por mim a concluir que há 6 meses que não prendo o meu cabelo. Sim, há dias em que tem um aspecto mais desarrumado e selvagem, não tão bonito, mas não faz mal, é até bem aceitável a meu ver. E depois há dias em que, não sei bem porquê, está fantástico o dia todo. Finalmente, depois de tantos anos eu consegui ter um cabelo que pode andar solto. Que pode andar ao vento, como dizia aquela música antiga dos Onda Choc (como me lembro eu disto???) onde eles cantavam sobre raparigas de cabelos ao vento e eu imaginava o meu cabelo a balançar com o vento do Verão. Sim. Consegui.

Em imagens:

Já foi assim


Agora é algo assim


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